2 de dezembro de 2009

Silêncio


Caros espectadores que me acompanharam durante o semestre. Como sabem esse blog nasceu como projeto para uma disciplina de webjornalismo. E como o ano está acabando, novas ideias surgem, outros projetos aparecem.

O blog encerra suas atividades por hora.

Termino esse post com uma brincadeira. Na verdade um desafio!
Coloquei aqui 5 trechos de músicas que ficaram famosas por seus filmes. Quero ver quem acerta de que filme sâo essas músicas!
Deixem seus palpites nos comentários!



15 de novembro de 2009

Entrevista: Fernando Morais - Parte 2


Na semana passada postei aqui a primeira parte da entrevista com Fernando Morais da Costa, professor de cinema da Universidade Federal Fluminense e autor do livro O som no cinema brasileiro (Rio de Janeiro: 7 Letras/Faperj, 2008). Leia agora a segunda parte!

A inclusão da musica popular no cinema ajudou na identificação nacional? E hoje em dia?

O processo de aproximação entre cinema e música popular nos anos 1930 do qual falamos deve ser entendido como parte de um projeto amplo de forja de uma identidade nacional em marcha naquele momento. Em um período relativamente curto, o samba no Rio de Janeiro tinha sido retirado de uma condição marginal e alçado ao status de ritmo que simbolizava primeiro uma cidade e, na sequência, um país. Dentro de um projeto de unificação nacional, da construção de uma suposta identidade comum aos brasileiros de norte a sul, a música teria papel importante, e também o cinema, ao tomar emprestado expoentes daquela vertente do cancioneiro popular.

Outro momento em que a relação sempre comentada entre música popular brasileira e cinema se estreita ocorre entre os anos 1960 e 1970. O movimento do Cinema Novo buscaria parcerias com cantores que começavam suas carreiras naqueles snos e terminariam por se estabelecer como nomes fundamentais para a música brasileira. Milton Nascimento compõe com Ruy Guerra, Caetano Veloso trabalha com Leon Hirzsman, Chico Buarque tem suas canções aproveitadas por Cacá Diegues, mais tarde por Bruno Barreto, etc.

Em mais um momento de forte cunho nacionalista, a presença da música popular brasileira não poderia deixar de ter presença marcante. Há pesquisas sobre a música em fases mais recentes do cinema brasileiro, como o trabalho de Ney Carrasco sobre o filme Cidade Oculta e a chamada vanguarda paulistana dos anos 1980, ou como a análise de Suzana Reck Miranda sobre o papel das canções em Bicho de Sete Cabeças. Mas acredito não ser mais o caso da música popular ter como função primordial criar uma identificação de cunho nacionalista. Pelo menos isso não é tão claro quanto em momentos anteriores.

Existe hoje um "caminho comum", uma linguagem brasileira na forma de se usar trilhas e som?
Não acho que exista hoje um caminho comum. Não sei mesmo se já existiu, mesmo com a análise dos momentos que já comentamos e com a prevalência, em cada um deles, de um determinado uso da música. Há sim pontos em comum na história do cinema brasileiro e eles ainda têm alguma permanência. Talvez o mais comentado deles seja o uso reiterado de canções. Não que isso seja uma característica exclusivamente brasileira, evidente, mas a continuidade da presença da canção como trilha musical dos filmes chama atenção dos pesquisadores. Trabalho extenso sobre o tema têm sido desenvolvido por Márcia Carvalho (pdf). Se pensarmos que o modelo oposto ao uso da canção, muitas vezes pré-existente, é o da trilha incidental, composta para o filme, encontraremos fases e movimentos dentro do cinema brasileiro nos quais um dos dois prevalece, e a canção parece prevalecer em vários desses contextos.



Hoje, ela ainda está presente: Bicho de Sete Cabeças, já citado, apóia sua narrativa em canções de Arnaldo Antunes. O próprio título do filme vêm de uma música conhecida no cancioneiro popular brasileiro. Baile Perfumado aproveita Chico Science e a Nação Zumbi. Porém, há hoje uma certa volta da importância do compositor específico para cinema. David Tygel trilha esse caminho há tempos, e o sucesso de nomes como o de Antonio Pinto, hoje em franca carreira hollywoodiana, atestam o espaço crescente dado ao compositor de música para cinema. Para o uso do som no geral, considerados todos os elementos sonoros e não apenas a música, o quadro é mais amplo ainda. É claro que há no cinema brasileiro características comuns a outras cinematografias, até mesmo pelo uso de tecnologias afins.

Há um cuidado cada vez maior com o papel dos ruídos e com a construção dos sons ambientes. Hoje é corriqueiro que para a sonorização de uma determinada sequência, o editor utilize centenas de pistas de som, para chegar, por exemplo, a um som de floresta detalhado o suficiente. Alguns pesquisadores têm comentado o uso indiscriminado da voz over, a voz do narrador, na maior parte das vezes em primeira pessoa. Esse artifício narrativo, que já serviu tanto ao cinema clássico quanto ao cinema moderno, hoje parece ser útil tanto para os nossos filmes de apelo mais claramente comercial quanto para aqueles que buscam maiores experimentações de linguagem. Há narração em primeira pessoa tanto em Tropa de Elite, em Cidade de Deus, em O Coronel e o Lobisomem, quanto em Lavoura Arcaica, em Estorvo. Em cada um desses casos essa voz se dirige ao espectador de uma forma, seja ela mais direta ou mais rebuscada.

Pra você qual a importancia do trilha e som no cinema?


Começo sempre meus cursos sobre som dizendo para os alunos que aqueles encontros têm um primeiro objetivo simples e fundamental: partir do princípio que no cinema som e imagem têm importâncias equivalentes. Gosto ainda de pensar que não há um elemento sonoro mais importante do que os outros, ou seja, que vozes, músicas, ruídos e silêncios têm, todos, funções fundamentais. Durante um tempo, prestei mais atenção, nas minhas análises, no papel desempenhado por ruídos e por silêncios nos filmes, por achar que esses dois elementos eram menos analisados do que as vozes e as músicas. Acredito realmente que tratamos de obras audiovisuais que, como a própria palavra as define obviamente, são constituídas metade de imagens e metade de sons. Colocar dois fenômenos fisicamente tão distintos para estabelecerem relações entre si é a brincadeira que o cinema propõe. Digo para os alunos que eles devem aprender a trabalhar bem o som dos seus filmes, presentes ou futuros, pois não compreender a importância do som é desperdiçar metade do material com o qual os filmes trabalham para construir suas narrativas.

7 de novembro de 2009

Entrevista: Fernando Morais da Costa - o Som no cinema brasileiro


Fernando Morais é professor de cinema da Universidade Federal Fluminense e autor do livro O som no cinema brasileiro (Rio de Janeiro: 7 Letras/Faperj, 2008). Por e-mail respondeu a algumas perguntas do LuzCameraSom! sobre o som no cinema brasileiro: falando do início da sonorização até os dias de hoje. A entrevista foi dividida em duas partes, vamos à primeira:

Quando surgiu o cinema sonoro no Brasil?

As primeiras produções em longa-metragem de que se têm notícia hoje surgem em São Paulo, em 1929. Um sério candidato a primeiro longa-metragem sonorizado no Brasil é a comédia Acabaram-se os otários, dirigida e produzida por Luís de Barros. Barros é conhecido por ter comprado a briga de introduzir o cinema sonoro no país sem importar o Vitaphone, o aparato que tinha resolvido a questão nos EUA. O arremedo de Vitaphone brasileiro, o Sincrocinex de Barros, batizaria ainda sua própria produtora.


Vale lembrar que não há tanto atraso com relação ao advento do sonoro nos EUA, já que o ano de 1927 é considerado um momento chave, graças ao sucesso de O cantor de Jazz, embora em 1926 a mesma tecnologia já fosse comercializada. Após Acabaram-se os otários, Barros produz outros filmes sonoros, mas é em 1931, pelas mãos de Wallace Downey, norte-americano radicado em São Paulo, que aparece a primeira produção de maior sucesso comercial, Coisas Nossas. No Rio, há também no fim da década de 1920 as experiências seminais de Paulo Benedetti, gravando curta-metragens com sambistas conhecidos para testar a validade do sistema de gravação em discos exibidos em sincronia com a película.

A produção de longa-metragens cariocas sonorizados concretiza-se a partir da inauguração da Cinédia, a produtora de Adhemar Gonzaga, em 1930. Mulher, Ganga Bruta são exemplos de primeiras tentativas de sonorização. Em breve, a paritr de 1933, as comédias carnavalescas do mesmo estúdio estabeleceriam o sucesso do cinema sonoro no Brasil.

O que acho importante ressaltar em minhas pesquisas é que a passagem definitiva para o sonoro, entre o fim da década de 1920 e o começo dos anos 1930, é resultado de mais de trinta anos de vários modelos de tentativas de sonorização, durante o período designado como mudo. Sabemos hoje, com farta documentação, que houve tentaitvas de sonorização desde o início do cinema, desde Thomas Edison.

No Brasil mesmo, tivemos durante a primeira década do século XX exibições acompanhadas de discos sincronizados e, na sequência, o sucesso do filmes cantantes, dublados ao vivo por trás da tela. O período "mudo" foi sonorizado de várias formas. Assim, a passagem concreta para o sonoro não pode ser tomada como um evento isolado, sem antecedentes.

Como o som e a trilha eram usados no início? De lá pra cá houveram muitas mudanças?

Os filmes que hoje nos estão disponíveis, como Mulher e Ganga Bruta, mostram as limitações da gravação em disco para posterior sincronização. O som de Mulher é praticamente só composto de música, embora ela estabeleça uma série de relações interessantes, sofisticadas, com a imagem.

Ganga Bruta é famoso pela imcompletude do som com relação ao que a imagem sugere: há diálogos que estão presentes e outros não; o mesmo acontece com os ruídos; e há no filme a música de Radamés Gnatalli, com a mistura entre popular e erudito que lhe era peculiar. Com o sucesso posterior das comédias de carnaval, e com a concomitante passagem da gravação em discos para o som na própria pelicula, estabece-se a estrutura de uma narrativa entremeada por números musicais cantados pelas estrelas do rádio. É o momento no qual os espectadores vão às salas de cinema para ter, pela primeira vez, um registro audiovisual dos ídolos que eles até então podiam apenas ouvir.



Pesquisadores defendem que essa aproximação, no Brasil como em diversos pontos do mundo, entre cinema e música popular concretizou a passagem para o cinema sonoro, pois aqueles filmes, para os espectadores da época, simbolizariam umas espécie de "rádio filmado". Nomes da música como Mário Reis, Lamartine Babo, Carmem Miranda, mais tarde Vicente Celestino, entre tantos outros, expandem suas carreiras de sucesso para o cinema.
Por cerca de duas décadas, o modelo da comédia musical segue fazendo sucesso no cinema brasileiro, na forma das chanchadas.

Costumo dizer que há momentos no decorrer do século XX em que mudanças tecnológicas importantes ajudam a concretizar diferenças fundamentais na forma de se fazer som para cinema. Nesse sentido, é evidente que o Brasil acompanha mudanças comuns, por exemplo, aos cinemas modernos pelo mundo afora. Quando os gravadores portáteis surgem, na virada da década de 1950 para 1960, possibilitando a gravação mais usual em externas, o som se liberta das amarras de estúdio, e, em certa parte, estão criadas as condições para que se diminua a necessidade da dublagem. Nos EUA e na Europa, a década de 1970 traz o surgimento e o sucesso comercial da Dolby, o que proporciona imensas possiblidades de sofisticação na sonorização, como é amplamente conhecido. A penetração desses sistemas de exibição multicanal no Brasil é mais ralentada, trata-se de um processo que acompanhamos a partir dos anos 80.

A última mudança fundamental é a passagem para o digital, que no som para cinema no Brasil começa a mostrar resultados a partir do início da década de 1990, com a gravação de som direto em DAT (Digital Audio Tape). Hoje, mesmo para a gravação de som direto, já usamos gravadores multicanais. Além disso, seria ainda outra grande resposta comentar como na finalização de som as estações de trabalho digitais possibilitam um trabalho muito mais detalhado do que os sistemas analógicos.

28 de outubro de 2009

Lavoura Arcaica


O filme retrata a historia de uma família imigrante, descendente de libaneses, que mora em uma fazenda no interior. A família é seguidora das tradições e muito religiosa, sendo o pai a base da família, detentor da sabedoria, e a mãe o seu apoio e fonte de afeto.


Quem narra a historia é André (Selton Melo) o filho que se sente oprimido pelo peso da tradição familiar e por um desejo proibido, sua irmã Ana (Simone Spoladore).

Por essa angústia, André abandona sua casa e vai para uma pensão na cidade. Pedro, o primogênito, tem o dever de buscar de volta o irmão, que tanto desgosto deixou em seus familiares com sua fuga. É no quarto da pensão, que vemos Andre confidenciar a Pedro todas suas agonias, resultado de sua partida.



O filme é baseado no livro de Raduan Nassar, e é provavelmente um dos filmes mais cuidadosos com relaçao à sua adaptação da obra original. Extremamente fiel na montagem da cenografia, fotografia, figurino e também a música, sendo considerado um filme denso por muitos, nas suas quase 3:00hrs de duração. Não foi criado um roteiro para o filme, sendo o livro a sua única fonte.


A música é de Marco Antonio Guimarães, líder do grupo UAKTI (que fez a trilha sonora de Ensaio sobre a cegueira), famoso por construir seus próprios instrumentos.

Marco esteve presente durante o processo inicial de criação e ensaios da obra, o que o deixou completamente imerso no mundo austero daquela família patriarcal e agrária.


Para compor as musicas buscou nos instrumentos árabes, referencias como o alaúde e a flauta, trazendo um resultado fiel às tradições culturais do clã.


O trabalho de Marco no filme é muito diferente do que é feito em seu grupo, que é completamente irreverente, experimental. Aqui ele foi pontual, quase sempre introspectivo e lírico como as cenas do diretor Luis Fernando Carvalho.


Em quase todas as músicas foram usados violoncelos, o que transparece o clima introspectivo e reflexivo das imagens. As musicas mais animadas são a da festa, em que toda a família dança (que é uma música tradicional árabe) e algumas sobre a infância, estas animadas em um tom sempre nostálgico, como deve ser o olhar sobre o infantil.







Muito material foi feito para o filme: “Esse filme é a maior quantidade de musica que eu já compus na vida pra uma coisa só. Eu mandei pra ele (Luis Fernando) 2 hrs e meia de musica... E eu compus muito mais do que eu gravei... Na verdade eu compus quase o dobro.“


Confira o depoimento de Marco Antonio Guimarães sobre o processo de criação das musicas no Making Off do longa. (O depoimento começa na metade do primeiro vídeo e termina no segundo)






O filme ganhou premio de melhor trilha sonora no festival de Cartagena na Colombia, no Santo Domingo International Film Festival na Republica Dominicana e no International Film Festival of Havana em Cuba, além de outras premiaçoes em festivais espalhados pelo mundo.


E não posso deixar de colocar aqui a última cena do filme (que fique avisado pra quem nunca viu), com a famosa dança de Ana.










Faça o download da trilha sonora.

14 de outubro de 2009

Podcast: Laranja Mecânica



Isso mesmo! Kamila, Welington e Luiz acertaram na resposta. Laranja Mecanica, filme de Stanley Kubrick e trilha sonora de Wendy Carlos (ou Walter Carlos; ele trocou de sexo pouco depois do lançamento do filme) é a resposta certa! Ouça o podcast e conheça a história!





Faça aqui o download do poscast.

Assita ao Trailer do filme




Bons exemplos da trilha sonora dentro do filme.






Aqui um link para fazer o download da trilha sonora

27 de setembro de 2009

Que filme?


Beethoven, nona sinfonia, quarto movimento. A versão feita para esse filme inovou tanto quanto Beethoven, que em 1824 usou um poema de Schiller em uma composição, (a famosa nona) e consagrou o uso das vozes de um coral como elemento tão importante quanto dos instrumentos. Para o filme foram usadas vozes eletrônicas e moogs, que ajudam a entrar no clima meio futurista e original que esse clássico do cinema pede.

Quero ver quem adivinha, que filme é esse? Tá fácil!



Se você ainda assim nao tem idéia sobre que filme se trata, fique tranquilo! Em breve você ouve aqui um podcast sobre essa produção e sua trilha sonora.

18 de setembro de 2009

Entrevista com Irídio Moura - Take 2

Voce confere a segunda parte da entrevista com o Irídio. Aqui conversamos sobre o cenário nacional. Aproveite!

E o que tem sido feito dentro do cinema brasileiro?

IM:Bem bacana, acho que o cinema brasileiro está se enriquecendo bastante nesse sentido. As produções recentes estão bem caprichadas em termos de som, tem um filme que é muito esquecido, um filme que pouca gente lembra, é com um grande ator, um dos maiores atores de cinema, faz também teatro e Tv, que é o José Dumont, e o filme é o Narradores de Javé, que eu gosto de mais, um filme que fala justamente do poder da linguagem. Eles brincam muito com isso, falam de uma comunidade em que todo registro era oralizado. Não tinha nenhum registro guardado, escrito, todo documento era na boca e na fala. Você dizia, daqui até aqui é terreno meu, e todo mundo respeitava. É meio que um mundo utópico, uma idealização que foge da realidade, algo que em nenhum momento talvez a gente conseguisse fazer o mundo funcionar assim.



Mas o filme trabalha brilhantemente o plano sonoro, tem umas sacadas geniais, desde o início de juntar uma orquestra com o trabalho de um DJ e brincando com essa relação do passado com o futuro presente a tecnologia, a realidade atual que chega dominando e mudando um pouco os costumes. A história conta justamente isso, uma comunidade que tem que sair de seu local de origem, uma cidade que vai ser exterminada, todo mundo vai ter que se mudar pra outro lugar, por que uma hidrelétrica vai tomar aquele espaço alí.


Música de DJ Dolores e Orquestra Santa Massa, tocada durante os créditos iniciais do filme Narradores de Javé

E essas relações são um grande barato, você poder criar analogias novas, simbolismos novos. Então tem filmes brilhantes, brasileiros, o Cidade de Deus, tem um tratamento sonoro muito legal, outros filmes que emocionam também, muitos filmes do Walter Salles, que usam um trabalho musical e sonoro muito legal, principalmente filmes mais experimentais, mais recentes, a gente vê muitos filmes do Heitor Dhalia agora. Realmente eles capricham!

Uma história muito interessante foi quando assisti o Cinema, aspirinas e urubus e deu problema numa das pistas de áudio, tava passando num cinema bacana aqui em Curitiba, e alguns sons ambientes a gente não conseguia perceber. Teve uma cena que o personagem saía do carro e ficava olhando pro nada, um rio meio seco, uma ponte, não fazia sentido. Na outra vez que a gente assistiu o filme com o áudio em perfeito estado a gente ouvia que aquele tempo que ele tava aparecendo dos ombros pra cima olhando ao longe, um rio seco em cima de uma ponte, a gente ouvia pelo sonzinho e conseguia entender o que ele tava fazendo aquele tempo parado: ele tava fazendo xixi! Pelo áudio a gente percebeu isso, que ele tava aproveitando pra fazer um xixizinho básico na ponte... parou estacionou o carro...




Engraçado como o som é rico, o som traz alguns conceitos que às vezes a imagem não consegue por si só ser competente, a gente pode com o áudio trazer significados, desde coisa básicas que não tem importância vital para a compreensão do filme e da historia, ou situações em que realmente o som traz o grande conceito, o significado principal e resolve uma cena, faz a galera entender a intenção de um personagem de um jeito diferente. É meio exagerado achar que a música e o som resolvem, melhoram um filme. Se um filme não for bem feito em termos de roteiro, direção, interpretação fotografia, não é só uma musica boa ou um bom som que vai conseguir resolver tudo isso daí. Mas mas ele pode se combinar e valorizar ainda mais um filme, isso aí é verdade.

12 de setembro de 2009

O sound designer: Entrevista com Irídio Moura

Irídio Moura é sound designer e professor de jornalismo da PUC – Paraná. Tive a oportunidade de encontrá-lo em Curitiba, onde conversamos sobre muitas coisas: a profissão que cresce só agora no país, sobre a importância e significado que o som pode trazer pra dentro de um filme e também sobre alguns momentos em que o som foi usado de maneira interessante em filmes nacionais. Você confere o sumo desse papo sonoro em duas partes.


Take 1: O cinema e o sound designer.

O que o som representa no cinema e como ele pode ser usado?

IM: O cinema nasce sem um som relacionado ao seu tempo e espaço de origem, assim de criar realmente relações simbólicas de som, a gente tentava simular o som que seria o som da realidade de maneira instrumental, com musica, músicos tocavam. Então simulava o som da realidade através de instrumentos que não são fontes próprias daquele som que eles queriam representar de maneira associada.

Com o tempo o pessoal começou a descobrir uma importância maior no som, não maior do que a própria imagem, mas que pudesse junto com a imagem, bem combinada, bem casada, criar novas associações de significado. A gente consegue hoje criar simbolismos novos, partir pra outras interpretações possíveis, coisa que de repente, limitações da própria imagem, o som pode resolver de maneira simbólica, criando algum conceito novo, trazendo ou reforçando um conceito. A gente tem muito som que pode tá reforçando alguma idéia que a própria imagem já passou, que o roteiro em si e os diálogos já passaram. A gente pode também criar coisas que a própria imagem não consegue dominar, que fica longe, distante da própria imagem, e o som pode tá trazendo essas idéias novas, pode tá contribuindo pra essa narrativa.

E o
profissional sound designer...

IM: O sound designer é uma profissão que está se desenvolvendo agora no Brasil, não que os conceitos básicos dele já não existissem. Alguns fundamentos, algumas características básicas alguns grandes profissionais já conseguiam ter esse cuidado, essa atenção. A grande dificuldade é a seguinte: A concepção de um diretor era mais concentrada no roteiro e no visual do filme. De uns tempos pra cá que o diretor presta atenção nessa tendência mundial. Os bons filmes sejam nos Estados Unidos ou na Europa já tem um cuidado um pouco mais específico com a parte sonora, eles começaram a ver, puxa não é legal dublar um filme se de repente eu posso ter um cuidado e desenhar, planejar esse som com antecedência, se você conseguir captar esse som no local mesmo, no set de filmagem um som realístico mesmo, um som que está sendo desenvolvido no set, não simplesmente tentar desenvolver o som depois que o filme já está pronto. A gente começar a trazer o som para a pré produção de um filme e isso já e uma valorização, trazer o produtor sonoro pro início da produção.

Leia mais sobre o que faz um sound designer aqui.

O Antonio Pinto é um exemplo de grande músico, um grande artista da musica e do sound design, também do cinema brasileiro, é um dos grandes nomes que estão despontando lá fora já. Ele fez até a produção sonora e musical daquele filme Colateral, do Jamie Foxx, Tom Cruise, um grande filme, grande produção americana, Hollywood. Então a gente está conseguindo chegar lá, além dos diretores que a gente sabe que chegaram e tão fazendo bons filmes aí de frente com a produção Hollywoodiana. É, o Antonio Pinto deu uma entrevista uma vez no Jô Soares que ele comentou sobre o processo de produção pro filme Cidade de Deus, que ele fez a música também, aquela cena inicial que tem aquela trilha na festa no morro o pessoal correndo atrás da galinha, aquela cena inicial que já virou um clássico do cinema, que é sensacional aquele cena e a passagem de tempo, o menininho pegando na galinha e pegando a bola no gol aquela fusão, aquele giro de câmera, e o Antonio Pinto falou que foi bem bacana quando o Meirelles convidou ele pra produção e falou o seguinte: “O meu filme vai ser inspirado num livro; toma o livro pra ler. Agora tem o roteiro, leia o roteiro. Agora participe das reuniões de planejamento do filme.”



Trazer o produtor sonoro e musical do filme pra antes, pra ele fazer esse caminho junto eu acho que é o mais produtivo. Por que você consegue fazer o mesmo trajeto que os outros fizeram, você está acompanhando, seguindo a mesma linha, você consegue fazer um som pra um filme que não fuja da intenção original do diretor e da equipe de produção, você faz um que case perfeitamente com a proposta. Então você faz uma música que você não pensou só nas imagens prontas, você cria pensando no livro, no roteiro, em tudo que alimentou essa produção, o que é muito legal, muito rico. Essa é uma tendência nova. Hoje o pessoal ta dando tempo pra esses profissionais fazerem isso, chegar e participar da produção.

1 de setembro de 2009

Luz, câmera, som!

O cinema nasceu mudo, mas sem fazer silencio. Quando as primeiras salas de cinema surgiram, geralmente havia uma banda tocando musicas durante a exibição dos filmes. O cinema falado apareceu lá pro fim dos anos 20 e a evolução do som na telona não parou; efeitos sonoros e músicas são usados de diversas maneiras pra incrementar o enredo. Ao contrário do que pensamos, o uso do som no cinema vai muito além de músicas e trilha sonora, tendo um papel crucial dentro da narrativa cinematográfica.

Me chamo Marília e estou no 6º período de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa. Este blog foi criado como uma ferramenta de trabalho para a disciplina de Webjornalismo, lecionada pelo professor Carlos d`Andréa, que nos deu a tarefa de criar uma plataforma na web para praticar o jornalismo, falando de algum assunto de nosso interesse. Por isso escolhi a junção entre imagem e som, duas coisas que adoro.

É com a intenção de entender um pouco melhor como isso é feito que esse blog foi criado.Vamos falar um pouco de trilhas importantes do cinema mundial dando um foco especial ao nosso cinema brasileiro e tentar entender como o processo de criação e finalização do som e trilha sonora é feito no cinema. Uma vez por semana você confere aqui alguma novidade. Comentários e sugestões são ben vindos.

Ouvidos atentos, o filme já vai começar!