27 de setembro de 2009

Que filme?


Beethoven, nona sinfonia, quarto movimento. A versão feita para esse filme inovou tanto quanto Beethoven, que em 1824 usou um poema de Schiller em uma composição, (a famosa nona) e consagrou o uso das vozes de um coral como elemento tão importante quanto dos instrumentos. Para o filme foram usadas vozes eletrônicas e moogs, que ajudam a entrar no clima meio futurista e original que esse clássico do cinema pede.

Quero ver quem adivinha, que filme é esse? Tá fácil!



Se você ainda assim nao tem idéia sobre que filme se trata, fique tranquilo! Em breve você ouve aqui um podcast sobre essa produção e sua trilha sonora.

18 de setembro de 2009

Entrevista com Irídio Moura - Take 2

Voce confere a segunda parte da entrevista com o Irídio. Aqui conversamos sobre o cenário nacional. Aproveite!

E o que tem sido feito dentro do cinema brasileiro?

IM:Bem bacana, acho que o cinema brasileiro está se enriquecendo bastante nesse sentido. As produções recentes estão bem caprichadas em termos de som, tem um filme que é muito esquecido, um filme que pouca gente lembra, é com um grande ator, um dos maiores atores de cinema, faz também teatro e Tv, que é o José Dumont, e o filme é o Narradores de Javé, que eu gosto de mais, um filme que fala justamente do poder da linguagem. Eles brincam muito com isso, falam de uma comunidade em que todo registro era oralizado. Não tinha nenhum registro guardado, escrito, todo documento era na boca e na fala. Você dizia, daqui até aqui é terreno meu, e todo mundo respeitava. É meio que um mundo utópico, uma idealização que foge da realidade, algo que em nenhum momento talvez a gente conseguisse fazer o mundo funcionar assim.



Mas o filme trabalha brilhantemente o plano sonoro, tem umas sacadas geniais, desde o início de juntar uma orquestra com o trabalho de um DJ e brincando com essa relação do passado com o futuro presente a tecnologia, a realidade atual que chega dominando e mudando um pouco os costumes. A história conta justamente isso, uma comunidade que tem que sair de seu local de origem, uma cidade que vai ser exterminada, todo mundo vai ter que se mudar pra outro lugar, por que uma hidrelétrica vai tomar aquele espaço alí.


Música de DJ Dolores e Orquestra Santa Massa, tocada durante os créditos iniciais do filme Narradores de Javé

E essas relações são um grande barato, você poder criar analogias novas, simbolismos novos. Então tem filmes brilhantes, brasileiros, o Cidade de Deus, tem um tratamento sonoro muito legal, outros filmes que emocionam também, muitos filmes do Walter Salles, que usam um trabalho musical e sonoro muito legal, principalmente filmes mais experimentais, mais recentes, a gente vê muitos filmes do Heitor Dhalia agora. Realmente eles capricham!

Uma história muito interessante foi quando assisti o Cinema, aspirinas e urubus e deu problema numa das pistas de áudio, tava passando num cinema bacana aqui em Curitiba, e alguns sons ambientes a gente não conseguia perceber. Teve uma cena que o personagem saía do carro e ficava olhando pro nada, um rio meio seco, uma ponte, não fazia sentido. Na outra vez que a gente assistiu o filme com o áudio em perfeito estado a gente ouvia que aquele tempo que ele tava aparecendo dos ombros pra cima olhando ao longe, um rio seco em cima de uma ponte, a gente ouvia pelo sonzinho e conseguia entender o que ele tava fazendo aquele tempo parado: ele tava fazendo xixi! Pelo áudio a gente percebeu isso, que ele tava aproveitando pra fazer um xixizinho básico na ponte... parou estacionou o carro...




Engraçado como o som é rico, o som traz alguns conceitos que às vezes a imagem não consegue por si só ser competente, a gente pode com o áudio trazer significados, desde coisa básicas que não tem importância vital para a compreensão do filme e da historia, ou situações em que realmente o som traz o grande conceito, o significado principal e resolve uma cena, faz a galera entender a intenção de um personagem de um jeito diferente. É meio exagerado achar que a música e o som resolvem, melhoram um filme. Se um filme não for bem feito em termos de roteiro, direção, interpretação fotografia, não é só uma musica boa ou um bom som que vai conseguir resolver tudo isso daí. Mas mas ele pode se combinar e valorizar ainda mais um filme, isso aí é verdade.

12 de setembro de 2009

O sound designer: Entrevista com Irídio Moura

Irídio Moura é sound designer e professor de jornalismo da PUC – Paraná. Tive a oportunidade de encontrá-lo em Curitiba, onde conversamos sobre muitas coisas: a profissão que cresce só agora no país, sobre a importância e significado que o som pode trazer pra dentro de um filme e também sobre alguns momentos em que o som foi usado de maneira interessante em filmes nacionais. Você confere o sumo desse papo sonoro em duas partes.


Take 1: O cinema e o sound designer.

O que o som representa no cinema e como ele pode ser usado?

IM: O cinema nasce sem um som relacionado ao seu tempo e espaço de origem, assim de criar realmente relações simbólicas de som, a gente tentava simular o som que seria o som da realidade de maneira instrumental, com musica, músicos tocavam. Então simulava o som da realidade através de instrumentos que não são fontes próprias daquele som que eles queriam representar de maneira associada.

Com o tempo o pessoal começou a descobrir uma importância maior no som, não maior do que a própria imagem, mas que pudesse junto com a imagem, bem combinada, bem casada, criar novas associações de significado. A gente consegue hoje criar simbolismos novos, partir pra outras interpretações possíveis, coisa que de repente, limitações da própria imagem, o som pode resolver de maneira simbólica, criando algum conceito novo, trazendo ou reforçando um conceito. A gente tem muito som que pode tá reforçando alguma idéia que a própria imagem já passou, que o roteiro em si e os diálogos já passaram. A gente pode também criar coisas que a própria imagem não consegue dominar, que fica longe, distante da própria imagem, e o som pode tá trazendo essas idéias novas, pode tá contribuindo pra essa narrativa.

E o
profissional sound designer...

IM: O sound designer é uma profissão que está se desenvolvendo agora no Brasil, não que os conceitos básicos dele já não existissem. Alguns fundamentos, algumas características básicas alguns grandes profissionais já conseguiam ter esse cuidado, essa atenção. A grande dificuldade é a seguinte: A concepção de um diretor era mais concentrada no roteiro e no visual do filme. De uns tempos pra cá que o diretor presta atenção nessa tendência mundial. Os bons filmes sejam nos Estados Unidos ou na Europa já tem um cuidado um pouco mais específico com a parte sonora, eles começaram a ver, puxa não é legal dublar um filme se de repente eu posso ter um cuidado e desenhar, planejar esse som com antecedência, se você conseguir captar esse som no local mesmo, no set de filmagem um som realístico mesmo, um som que está sendo desenvolvido no set, não simplesmente tentar desenvolver o som depois que o filme já está pronto. A gente começar a trazer o som para a pré produção de um filme e isso já e uma valorização, trazer o produtor sonoro pro início da produção.

Leia mais sobre o que faz um sound designer aqui.

O Antonio Pinto é um exemplo de grande músico, um grande artista da musica e do sound design, também do cinema brasileiro, é um dos grandes nomes que estão despontando lá fora já. Ele fez até a produção sonora e musical daquele filme Colateral, do Jamie Foxx, Tom Cruise, um grande filme, grande produção americana, Hollywood. Então a gente está conseguindo chegar lá, além dos diretores que a gente sabe que chegaram e tão fazendo bons filmes aí de frente com a produção Hollywoodiana. É, o Antonio Pinto deu uma entrevista uma vez no Jô Soares que ele comentou sobre o processo de produção pro filme Cidade de Deus, que ele fez a música também, aquela cena inicial que tem aquela trilha na festa no morro o pessoal correndo atrás da galinha, aquela cena inicial que já virou um clássico do cinema, que é sensacional aquele cena e a passagem de tempo, o menininho pegando na galinha e pegando a bola no gol aquela fusão, aquele giro de câmera, e o Antonio Pinto falou que foi bem bacana quando o Meirelles convidou ele pra produção e falou o seguinte: “O meu filme vai ser inspirado num livro; toma o livro pra ler. Agora tem o roteiro, leia o roteiro. Agora participe das reuniões de planejamento do filme.”



Trazer o produtor sonoro e musical do filme pra antes, pra ele fazer esse caminho junto eu acho que é o mais produtivo. Por que você consegue fazer o mesmo trajeto que os outros fizeram, você está acompanhando, seguindo a mesma linha, você consegue fazer um som pra um filme que não fuja da intenção original do diretor e da equipe de produção, você faz um que case perfeitamente com a proposta. Então você faz uma música que você não pensou só nas imagens prontas, você cria pensando no livro, no roteiro, em tudo que alimentou essa produção, o que é muito legal, muito rico. Essa é uma tendência nova. Hoje o pessoal ta dando tempo pra esses profissionais fazerem isso, chegar e participar da produção.

1 de setembro de 2009

Luz, câmera, som!

O cinema nasceu mudo, mas sem fazer silencio. Quando as primeiras salas de cinema surgiram, geralmente havia uma banda tocando musicas durante a exibição dos filmes. O cinema falado apareceu lá pro fim dos anos 20 e a evolução do som na telona não parou; efeitos sonoros e músicas são usados de diversas maneiras pra incrementar o enredo. Ao contrário do que pensamos, o uso do som no cinema vai muito além de músicas e trilha sonora, tendo um papel crucial dentro da narrativa cinematográfica.

Me chamo Marília e estou no 6º período de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa. Este blog foi criado como uma ferramenta de trabalho para a disciplina de Webjornalismo, lecionada pelo professor Carlos d`Andréa, que nos deu a tarefa de criar uma plataforma na web para praticar o jornalismo, falando de algum assunto de nosso interesse. Por isso escolhi a junção entre imagem e som, duas coisas que adoro.

É com a intenção de entender um pouco melhor como isso é feito que esse blog foi criado.Vamos falar um pouco de trilhas importantes do cinema mundial dando um foco especial ao nosso cinema brasileiro e tentar entender como o processo de criação e finalização do som e trilha sonora é feito no cinema. Uma vez por semana você confere aqui alguma novidade. Comentários e sugestões são ben vindos.

Ouvidos atentos, o filme já vai começar!