12 de setembro de 2009

O sound designer: Entrevista com Irídio Moura

Irídio Moura é sound designer e professor de jornalismo da PUC – Paraná. Tive a oportunidade de encontrá-lo em Curitiba, onde conversamos sobre muitas coisas: a profissão que cresce só agora no país, sobre a importância e significado que o som pode trazer pra dentro de um filme e também sobre alguns momentos em que o som foi usado de maneira interessante em filmes nacionais. Você confere o sumo desse papo sonoro em duas partes.


Take 1: O cinema e o sound designer.

O que o som representa no cinema e como ele pode ser usado?

IM: O cinema nasce sem um som relacionado ao seu tempo e espaço de origem, assim de criar realmente relações simbólicas de som, a gente tentava simular o som que seria o som da realidade de maneira instrumental, com musica, músicos tocavam. Então simulava o som da realidade através de instrumentos que não são fontes próprias daquele som que eles queriam representar de maneira associada.

Com o tempo o pessoal começou a descobrir uma importância maior no som, não maior do que a própria imagem, mas que pudesse junto com a imagem, bem combinada, bem casada, criar novas associações de significado. A gente consegue hoje criar simbolismos novos, partir pra outras interpretações possíveis, coisa que de repente, limitações da própria imagem, o som pode resolver de maneira simbólica, criando algum conceito novo, trazendo ou reforçando um conceito. A gente tem muito som que pode tá reforçando alguma idéia que a própria imagem já passou, que o roteiro em si e os diálogos já passaram. A gente pode também criar coisas que a própria imagem não consegue dominar, que fica longe, distante da própria imagem, e o som pode tá trazendo essas idéias novas, pode tá contribuindo pra essa narrativa.

E o
profissional sound designer...

IM: O sound designer é uma profissão que está se desenvolvendo agora no Brasil, não que os conceitos básicos dele já não existissem. Alguns fundamentos, algumas características básicas alguns grandes profissionais já conseguiam ter esse cuidado, essa atenção. A grande dificuldade é a seguinte: A concepção de um diretor era mais concentrada no roteiro e no visual do filme. De uns tempos pra cá que o diretor presta atenção nessa tendência mundial. Os bons filmes sejam nos Estados Unidos ou na Europa já tem um cuidado um pouco mais específico com a parte sonora, eles começaram a ver, puxa não é legal dublar um filme se de repente eu posso ter um cuidado e desenhar, planejar esse som com antecedência, se você conseguir captar esse som no local mesmo, no set de filmagem um som realístico mesmo, um som que está sendo desenvolvido no set, não simplesmente tentar desenvolver o som depois que o filme já está pronto. A gente começar a trazer o som para a pré produção de um filme e isso já e uma valorização, trazer o produtor sonoro pro início da produção.

Leia mais sobre o que faz um sound designer aqui.

O Antonio Pinto é um exemplo de grande músico, um grande artista da musica e do sound design, também do cinema brasileiro, é um dos grandes nomes que estão despontando lá fora já. Ele fez até a produção sonora e musical daquele filme Colateral, do Jamie Foxx, Tom Cruise, um grande filme, grande produção americana, Hollywood. Então a gente está conseguindo chegar lá, além dos diretores que a gente sabe que chegaram e tão fazendo bons filmes aí de frente com a produção Hollywoodiana. É, o Antonio Pinto deu uma entrevista uma vez no Jô Soares que ele comentou sobre o processo de produção pro filme Cidade de Deus, que ele fez a música também, aquela cena inicial que tem aquela trilha na festa no morro o pessoal correndo atrás da galinha, aquela cena inicial que já virou um clássico do cinema, que é sensacional aquele cena e a passagem de tempo, o menininho pegando na galinha e pegando a bola no gol aquela fusão, aquele giro de câmera, e o Antonio Pinto falou que foi bem bacana quando o Meirelles convidou ele pra produção e falou o seguinte: “O meu filme vai ser inspirado num livro; toma o livro pra ler. Agora tem o roteiro, leia o roteiro. Agora participe das reuniões de planejamento do filme.”



Trazer o produtor sonoro e musical do filme pra antes, pra ele fazer esse caminho junto eu acho que é o mais produtivo. Por que você consegue fazer o mesmo trajeto que os outros fizeram, você está acompanhando, seguindo a mesma linha, você consegue fazer um som pra um filme que não fuja da intenção original do diretor e da equipe de produção, você faz um que case perfeitamente com a proposta. Então você faz uma música que você não pensou só nas imagens prontas, você cria pensando no livro, no roteiro, em tudo que alimentou essa produção, o que é muito legal, muito rico. Essa é uma tendência nova. Hoje o pessoal ta dando tempo pra esses profissionais fazerem isso, chegar e participar da produção.

13 comentários:

Lívia Alcântara disse...

Pedido atendido rápido em Marília?! O entrevistado falou de trilhas sonoras que eram feitas durante a exibição de filmes quando o som ainda não era incorporado à imagem. Hoje existem músicos que fazem trilhas para filmes antigos. O que seria isso? Saudosismo? Arte?

Saulo Rios disse...

Lilitcha!
Muito bacana a entrevita. Enriquecedora. A possibilidades de junção entre som e imagem são muitas!!! Fico cad vez mais curioso paa saer um pouco mais sobr essa historia... Luz,Câmera, Som!!!

Parabéns menina lila!!

Elder Barbosa disse...

Muito legal Marilia. Espero a segunda parte da entrevista.

Parabéns. o design do blog também ficou bem legal

Anônimo disse...

Massa Lila, muito bacana mesmo.

Como está vc? Saudade!

Beijo, Mila.

Carlos d'Andréa disse...

Gostei da entrevista! Aguardamos a segunda parte...

Unknown disse...

Lívia, existem algumas coisas sendo feitas nesse sentido.Acho que é um saudosismo sim, do tempo dos cinema mudo. Mas é um trabalho muito bacana! está anotado para ser abordado neste blog...
beijos

Unknown disse...

Saulo, bom que gostou, obrigada pela visita!

Unknown disse...

Elder, essa semana mesmo posto a segunda parte! Bom que voce gostou, continue acompanhando o blog! beijos

Unknown disse...

Mila bom que voce gostou, saudades de voce tbm!

Unknown disse...

Que bom Carlos, fico feliz! A segunda parte sai essa semana!

Laura Teixeira disse...

Oi Marilia! Obrigada pela visita! Vamos sim trocar figurinhas! :) Somos alunos e ex-alunos do curso de Imagem e Som da UFSCar. Começamos com o programa há uns 3 meses e o blog surgiu como uma necessidade de disponibilizar o conteúdo das pesquisas que não cabem no programa de rádio de 1h, além da possibilidade de colocar vídeos e fotos para ilustrar o tema. Fora o podcast, que aumenta a chance de nossos ouvintes acompanharem! E vc sempre pode ouvir ao vivo toda sexta ás 18h no site www.radio.ufscar.br
Muito legal seu blog! Vamos nos falando! Abraços!

Unknown disse...

Gostei muito dessa parte dita pelo IM: "Os bons filmes sejam nos Estados Unidos ou na Europa já tem um cuidado um pouco mais específico com a parte sonora, eles começaram a ver, puxa não é legal dublar um filme se de repente eu posso ter um cuidado e desenhar, planejar esse som com antecedência..." acho que é essa a base de uma harmonia vibratória para ter um conteúdo completo no cinema, no caso, som e imagem! adoreii Lilaaa! já estou criando expectativas para a segunda parte! beijo

Unknown disse...

Hey Lila! Tá mandando muito bem!!!
Parabéns!!